quarta-feira, maio 07, 2008

Ode às mãos

Para Levi Bucalem Ferrari


Minhas mãos tão usadas
eu vos saúdo nesta ode.

Que prendeis o alimento levado à boca.
Energizadas, para o aperto fraterno.
Eu vos reconheço nesta ode.

Mãos estendidas às crianças.
Elevadas às orações.
De palmas lidas: a sorte há muito lançada
mas que só hoje se revela, apascenta e fala.

De tantos toques, trocas, carícias.
Mãos rudes, contundentes, ásperas.

Eis o intransferível; o tátil prazer de sentir-vos construindo poemas.
Mãos de engenheiro: laboriosas mãos
que não mais temeis vos escravizardes à vida.

*

Ó mãos tão usadas!
Espalmai-vos e continuai nossa História
(tudo tão difícil, até que vós falásseis).

Minhas mãos
eu vos quero limpas
eu vos quero largas:
— Limpas! Largas!

Minhas mãos eu vos agradeço
vos olho gravemente
e vos oferto a todos os homens
minhas mãos.