quarta-feira, agosto 08, 2007

Nota de orelha

Dez anos de silêncio
Amigo,
Para entregar-te agora este punhado de palavras.
De muita valia?
Não quis eu o impossível? Falem!
Falem falem falem minhas palavras
Um dia escritas à sombra
De tua presença amiga
Amigo.
Eu o beijo que chegou tarde, morto
O desejo, e se evapora.
Talvez um passo maior...
Todavia que a perna e caio
Ao pé de intransponíveis montanhas
O eco das palavras apenas
Palavras, eco, palavras.
O amor pra dentro
Não tem resposta,
Tem eco frio, desgosto
De uma vida-parede.

Mas é tempo bom, há
Noite fresca claro jardim
Tempo bastante de recomeçar
O tempo presente
Dizer-te presente! Fazer-me
Presente, oferenda, voz fraterna à orelha
Deste livro. Antes:
À tua orelha amiga,
Amigo.