quarta-feira, agosto 08, 2007

Decassílabos da musa

I / Ontem

Eu disse, en passant, que sou bem pobre.
Lhe disse, demodé, do meu afeto.
Falei, devagarinho, de poesia.
Com polícia: c’está me enlouquecendo.

II / Hoje

Você me faz voyeur embevecido.
Você me angustia ao ver meus elos.
(Se não lhe agradasse o azul serrano,
ele e você seriam menos belos).

III / Amanhã

Gritarei sozinho olhando a escarpa
(porque — só — é o destino de quem ama):
— Ingrata, já passou? Tu vives, serra!
Mas você, muito mais que finda — linda

sulcando versos nus em mim — ainda...